transcendendo do tatame para a vida
Por LEANDRO VIEIRA
Faixa Preta 1º Grau AURUM
Advogado (FURB) e Professor de Educação Física (UNICESUMAR)
Neuroeducador pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
FIC em Educação Especial Inclusiva – FASUL
Acompanhante Terapêutico com enfoque em ABA – Flórida Tech (EUA)
Instagram e Youtube: @jiujitsucomproposito

1. Introdução
Foi com muita alegria que recebi o convite para escrever este artigo para a revista digital da JIU-JITSU BRASIL !
Falar sobre o AUTISMO com praticantes de jiu-jitsu é, sem dúvidas, uma necessidade urgente!
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) norte-americano divulgou em 2023 que 1 em cada 36 crianças está dentro do espectro autista.
No Brasil, o quadro aparentemente é ainda mais grave.
Em dezembro de 2024, a Universidade de Passo Fundo (UPF), Rio Grande do Sul, em parceria com outras instituições de saúde e educação, concluiu que aproximadamente 1 em cada 30 crianças brasileiras estaria dentro do diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Isso representa um aumento de aproximadamente 500% na última década!
Significa que é quase improvável, atualmente, não encontrar um autista numa turma da educação básica.
E isso reflete diretamente nas academias de jiu-jitsu!
E você professor(a), está preparado(a) para atender uma criança atípica?
Neste artigo vamos trazer uma introdução básica importante sobre o tema, e em breve lançaremos um curso de capacitação para professores saberem como receber, atender e desenvolver aulas específicas para esse público.
Não é mais possível apenas deixar o aluno autista “acompanhar o que consegue”, expondo-o muitas vezes ao estresse mental e ao bullying dos colegas de turma.
É preciso conhecer o tema e adotar boas práticas.

2. Desenvolvendo o Jiu-Jitsu como ferramenta terapêutica
O jiu-jitsu oferece inúmeros benefícios para crianças dentro do espectro autista.
A prática da arte suave potencializa melhorias nas funções executivas (controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho) e nos processos atencionais, engajamento em atividades, otimização do tempo (e acerto) de respostas às atividades propostas e conclusão de tarefas.
Além disso, se o professor for capacitado, certamente haverá melhora na comunicação e socialização – aspectos fundamentais para o desenvolvimento das crianças e adolescentes autistas.
Diferentemente de esportes coletivos que exigem respostas rápidas e interações constantes, o jiu-jitsu permite um aprendizado “fatiado” e progressivo (encadeamento), através do qual cada aluno pode evoluir no próprio ritmo.
Além disso, o ambiente estruturado e com aulas individualmente planejadas facilitam trabalhar na questão das rotinas fixas e repetitivas a que normalmente fica preso o autista, garantindo de um lado que possam se sentir seguros e acolhidos, mas também desafiados a vencer comportamentos repetitivos e antecedentes disruptivos.
Outro ponto importante é a regulação emocional.
Muitas crianças autistas enfrentam dificuldades para lidar com frustrações.
O jiu-jitsu, ao trabalhar a paciência de encontrar “conforto no desconforto”, o respeito à regras e a superação de desafios, pode ser um poderoso aliado na regulação das emoções e no fortalecimento das regras sociais e da autoestima.
Para que o jiu-jitsu cumpra seu papel na vida de uma criança autista, o professor deve estar preparado para lidar com suas particularidades. Alguns desafios comuns incluem dificuldades de comunicação, sensibilidade a estímulos sensoriais e padrões de comportamento repetitivos.
Aqui estão algumas estratégias para tornar a aula mais inclusiva:
- Compreender o Aluno – Cada criança no espectro tem necessidades e sensibilidades diferentes. Conheça seu aluno, converse com os responsáveis e tente entender quais adaptações podem ser úteis. Priorize aulas individuais.
- Criar uma Rotina Estruturada – Crianças autistas se beneficiam de previsibilidade. Estabeleça rotinas claras, com instruções simples e objetivas. Preveja de que maneira fará a transição das rotinas, para que o autista possa também saber reagir positivamente nas mudanças que ocorrem em seu dia-a-dia.
- Utilizar Comunicação Visual – Apoios visuais, como cartões com ilustrações dos movimentos ou quadros explicativos, tablets ou imagens projetadas em TV podem facilitar a compreensão.
- Respeitar os Limites Sensoriais – Algumas crianças podem se incomodar com barulhos altos, contato físico intenso ou luzes fortes. Observe esses fatores e ajuste o ambiente conforme necessário.
- Incentivar a Socialização de Forma Natural – Forçar interações pode ser contraproducente. Em vez disso, promova atividades em dupla ou pequenos grupos para estimular a conexão entre os alunos.
- Oferecer Reforço Positivo – Valorize cada conquista do aluno, mesmo que pareça pequena. O incentivo constante fortalece a confiança e o engajamento na prática.

3. Conclusão
O crescimento expressivo do número de crianças diagnosticadas com TEA exige que professores de jiu-jitsu se adaptem para acolher e atender esse público da melhor forma possível. O jiu-jitsu pode ser uma ferramenta transformadora para crianças autistas, proporcionando benefícios físicos, emocionais e sociais. No entanto, isso só será possível se houver um olhar atento e capacitado para suas necessidades.
Portanto, investir em conhecimento e capacitação é fundamental!
Não basta apenas admitir a presença do aluno autista na aula: é preciso garantir que ele realmente aprenda e se desenvolva, sentindo-se acolhido e respeitado.
O futuro do jiu-jitsu é inclusivo, e cabe a nós, professores, praticantes e pais, construirmos esse caminho juntos!
Em breve lançaremos curso on-line específicos nessa temática.
Sigamos juntos nesse propósito!
Uma resposta
Muito bom!
Ansioso para o curso ser lançado logo!